Pesquisa alarmante da EF coloca Brasil entre as piores nações na proficiência do idioma; ONG rompe barreiras educacionais, transformando-se em alternativa transformadora
A diretora-executiva da Soul Bilíngue, Ariane Noronha, cobrou a criação de políticas públicas de enfrentamento do baixo nível de proficiência de inglês do brasileiro e recomendou que as empresas de educação privada do idioma revejam suas metodologias. Ela participou, como convidada, de um evento online sobre Índice de Proficiência de Inglês 2023 (EPI - English Proficiency Index) da EF.
O levantamento avalia o resultado de 2,2 milhões testes de nivelamento feitos ano passado, no mundo inteiro, e coloca o Brasil na posição de número 70 (nível baixo) do ranking de 113 países. Entre 20 as nações da América Latina, os brasileiros ficam à frente de apenas Panamá, Colômbia, Equador, México e Haiti.
“Eu não aprendi inglês no ensino médio, fui a primeira da minha família a pisar em um aeroporto, a entrar em um avião. Isso foi em 2014, depois dos meus 21 anos. Fui fazer um programa de babá nos Estados Unidos e isso mudou a minha vida completamente, a ponto de eu entender que o inglês é uma consequência no intercâmbio. Você vai aprender o idioma, mas a vivência que cria, que eu acho que é importante para os brasileiros também, é algo muito grande. Você volta muito mais potente, muito mais confiante e acreditando mais no potencial do seu país. Acredito que isso é muito importante de instigar e promover cada vez mais para as pessoas no Brasil”, afirma.
Exemplo
Ao propor que o Estado encare a baixa qualidade do inglês como uma questão importante e que empresas de educação privada melhorem seu serviço, Ariane apontou soluções para o problema, entre elas a própria Soul Bilíngue.
Com apenas cinco anos de fundação, a ONG já atendeu milhares de jovens e enviou dezenas para estudar inglês no exterior.
Ela possui um programa gamificado em que 75% dos jovens melhoram o conhecimento do idioma e 45% mudam de nível, em 22 semanas. Por semestre, são mais de 300 estudantes e 280 voluntários de todos os lugares do mundo.
Um dos aspectos que contribui para o sucesso da imersão é o acolhimento emocional proporcionado aos estudantes por meio de uma rede de psicólogos voluntários. As mentorias, momentos de atenção individual focados em conversação e prática do idioma, e as aulas regulares somam-se a isso.
“Eu penso que o inglês tem de estar muito atrelado à questão emocional também das pessoas. Não adianta a gente falar de inglês, de sonho, de intercâmbio, de viagem, de mercado de trabalho e proficiência se a gente não olhar pra dentro das pessoas que não têm preparo psicológico, não entende essa realidade, não sabe o que é. Então, não adianta querer aplicar, fazer uma metodologia de aplicação de inglês se a gente não traz o acolhimento emocional para dentro, que é o que a gente faz na Soul Bilíngue” Complementa Ariane.
Reconhecimento
A metodologia da ONG é reconhecida no País. Patrocinadas por empresas e representações diplomáticas como a Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, a Soul Bilíngue fo eleita a melhor ONG de pequeno porte e umas das 100 melhores do País pelo Prêmio Melhores ONGs, o Oscar do Terceiro Setor.
O desafio do inglês
Além de Ariane, participaram do lançamento, por parte da EF, Kate Bell, executiva responsável pelo estudo, Cristiane Bianco, gerente nacional, Paola Borges, head de mídia social e Eduardo Santos, gerente geral. O diretor do Centro de Idiomas Uninter foi outro convidado.
De acordo com a pesquisa, o Brasil atingiu o pior desempenho dos últimos quatro anos no estudo, vendo o índice de proficiência despencar de “Moderado” (505) para “Baixo” (487) - o que é curioso para o País que mais estuda inglês e que possui o maior número de escolas do idioma no mundo.
Um dos dados mais alarmantes é a disparidade de gênero: enquanto as brasileiras têm índice de proficiência de 476, o indicador masculino é de 499 - no mundo, apenas 5 países apresentam o contrário.
A situação também é ruim na estatística por faixa etária: exceto entre os que têm 18 e 20 anos, cujo índice permaneceu estável, todas pioraram seus resultados na comparação entre 2022 e 2023. O estudo divide as análises em grupos de 18 a 20, 21 a 25, 26 a 30, 31 a 40 e 41 anos em diante.
“Às vezes, o jovem tem essa crença de que não é possível aprender. "Já estou com 18, já estou com 20, com 25’’. Mas nunca é tarde para aprender e a gente enfatiza muito isso na Soul Bilíngue. Já atendemos mais de 3 mil jovens, então eu penso que se eu fui capaz de fazer tudo isso com 22 anos, depois do intercâmbio, vivendo por um ano e meio fora do Brasil, penso que se a gente investe nisso para o jovem/adulto, conseguiremos transformar o nosso país, mudar esse cenário. Eu acho que isso é super importante e a gente tem muito potencial ”
Estudo
O Índice de de Proficiência do Inglês da EF está disponível, completo, para consulta, no site https://www.ef.com.br/epi/
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