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'Aprendi que o mundo tem muito a ensinar pra gente!', diz Renan após experiência na África do Sul

Por Renan Staub*


Eu jamais me imaginei fazendo intercâmbio, indo sozinho para outro país, vivendo outra cultura e passando por novos desafios e aprendizado. Mas lá estava eu, em 26 de outubro de 2019, no principal aeroporto da África do Sul, em Joanesburgo, seguindo para a Cidade do Cabo, como Jovem Embaixador da Soul Bilíngue. Dias antes, estava ansioso e inseguro porque sabia que vivenciaria um dos momentos mais marcantes da minha vida, que eu jamais poderia esquecer. Familiares e amigos me incentivavam dizendo que eu ia conseguir, que eu era capaz e que o mundo me pertencia. 

 Nunca havia voado de avião e minha primeira viagem seria com duas escalas já em continente africano e com dez horas sobrevoando o Oceano Atlântico. Percebi logo que aquele momento não era só sobre estudar um novo idioma fora do Brasil, mas também sobre superar meus medos e obstáculos. Eu mal conseguia dormir.

 Passei meu aniversário de 23 anos na África do Sul e meu maior presente não veio na bagagem, porque não é material. Meu presente, meu melhor presente foi vivenciar tudo, conhecer novas culturas e comidas, fazer amizade com pessoas de diferentes etnias e, acima de tudo, ainda ter a sensação de missão comprida, de que venci meus medos, de que eu sou capaz. Só precisei acreditar em mim mesmo. 


 Só que antes foi preciso viver tudo e depois de horas sobre o Atlântico, enfim cheguei em solo africano pra ver que não tinha para aonde correr. Éramos Deus e eu. Meu inglês básico era minha única saída para que o desespero não tomasse conta.


 Cape Town

 Ao chegar na Cidade do Cabo, saí do aeroporto e encontrei com o transfer que ia me levar pra minha nova casa, que por sinal era linda: a Good Hope Studies House, meu lar, tinha uma belíssima acomodação, tudo bem confortável, TV a cabo, ar condicionado, piscina e uma bela cozinha. Assim que cheguei já fui conhecendo pessoas de outras nacionalidades. Nossa! Tive de suar muito pra entender os alemães, os tchecos e os árabes porque ali eu vi que o inglês deles estava muito à frente do meu - o que era bom, pois eu era meio que obrigado a ter de forçar meu listening para entender.

 Veio meu primeiro dia de aula na Good Hope Studies. Fui surpreendido pela infraestrutura da escola, que mais parecia um hotel com salas lindas e modernas e áreas para café e descanso. Ali já fui logo fazendo amizades com árabes, angolanos e brasileiros. 

 Lá estava eu passando vários micos e vergonhas no Uber ou no restaurante, pra pedir comida. Lá estava eu escalando a Table Mountain, uma das sete maravilhas naturais do mundo. Encarei quase duas horas de subida e você não faz ideia de como no fim é recompensado por uma vista incrível, de tirar o fôlego... uma vista de frente para a Cidade do Cabo e para o Atlântico.


 Conheci estádio de Copa do Mundo; aprendi sobre Nelson Mandela, sua história e o que foi ele para os africanos, um exemplo de pessoa e lutador pela paz; conheci lugares, bares, lindas praias, museus, fábricas e outros pontos turísticos.


 Em minha segunda semana, fui conhecer uma comunidade chamada Township, um lugar muito humilde com um povo que não possui quase nada e que me surpreendeu muito, pois mesmo vivendo com tão pouco, sempre está sorrindo. Eles me mostraram suas danças maravilhosas, às quais as melodias encantavam, suas comidas, umas sem sal e outras apimentadas demais. Foi uma sensação maravilhosa conhecer a cultura africana mais de perto.

 A África do Sul é um país incrível e, confesso, a vontade de ficar mais tempo era imensa. Por outro lado, eu sabia que estava lá de passagem e precisava aproveitar ao máximo; que minha família, da qual eu morria de saudades, esperava ansiosamente para dividir comigo cada história dessa experiência incrível. 

 Na última semana, eu já me sentia confiante em fazer as coisas, em conversar com alguém em inglês e eu estava muito feliz, pois via minha evolução, notava que entendia as coisas mais facilmente.


 Amigos

 Não se preocupe, com o tempo você vai aprender a viver longe de casa, a falar outra língua, a interagir e conquistar novos amigos. É tudo uma questão de tempo e eu tive de aprender isso tudo em poucos dias. Fazer e manter bons amigos normalmente já são tarefas complicadas que, em outro país, onde outra língua e diferentes costumes são praticados, se tornam naturalmente ainda mais difíceis, mas não impossíveis.


 Neste pouco tempo na África eu conheci as melhores pessoas que alguém gostaria de conhecer em um intercâmbio. Meus amigos árabes, de uma cultura tão peculiar, eram muito animados; amava escutar o sotaque francês, é tão lindo; fiz amizade com um rapaz muito sincero e simpático da Angola e mesmo assim, mesmo cheio de novos amigos, os que jamais esquecerei são os brasileiros.


 Eu sabia que tinha de evitá-los, pois tinha que praticar o inglês e falar pouco português. Mas é inevitável não querer conhecer alguém que entende seu idioma e poder compartilhar seus desafios, em tempo real.

 Esse intercâmbio mostrou pra mim que o Brasil, apesar de tantos problemas, tem grandes pessoas que percorrem o mundo atrás de seus sonhos. Eu tive a felicidade de conhecer várias histórias, ouvir as dificuldades que cada um também passou para estar ali. Pouco a pouco, eu via como somos um povo animado, que aceita qualquer desafio, que não sabe dizer não. Espero reencontrá-los um dia.


 Novo Renan

 Agradeço demais à Good Hope Studies porque tenho certeza que o método de ensino da escola me ajudou muito, assim como seus excelentes professores, capazes de ensinar você independentemente de seu nível de inglês, com total paciência para ensinar. Basta você se dedicar.


 Um novo Renan voltou ao Brasil. Um cara que sabe que para ganhar o mundo basta acreditar em si mesmo, que o mundo tem tanto a ensinar para a gente e que, independentemente de onde você estiver, ele sempre estará de portas abertas pra te mostrar mais e mais.


 Espero que a África do Sul tenha sido a porta de entrada para muitas novas aventuras. O intercâmbio permitiu eu me conhecer mais e ser uma pessoa melhor.


*Renan Staub, 23 anos, ganhou uma bolsa de estudos na África do Sul após participar do Preparatório Soul Bilíngue de Intercâmbio do primeiro semestre de 2019.

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